17/07/2014 | Por | Blog


RIO — Quem tem o hábito de estar conectado certamente já viveu situação parecida: não saber onde fica uma rua e rapidamente encontrar o destino na internet ou num aplicativo de celular. Mas, nas favelas cariocas, onde a maioria dos caminhos está fora desses mapas, nem sempre a facilidade da tecnologia moderna consegue ajudar. Para tentar reduzir essa distorção, a partir desta semana, o Google Maps, a mais conhecida ferramenta de localização do planeta, começa a mapear ruas e vielas de três favelas do Rio: Vidigal, Rocinha e Caju. Serão as primeiras com todos os detalhes georreferenciados incluídos na base de dados, como antecipou a coluna de Ancelmo Gois nesta quinta-feira, numa parceria do Google com o AfroReggae e a agência de publicidade JWT.

Ao todo, a expectativa é que cerca de 250 mil pessoas sejam beneficiadas nessas favelas, onde o trabalho será feito por 24 mapeadores escolhidos nas próprias comunidades. Além de identificar as ruas e vielas, nos próximos dois meses e meio eles vão geolocalizar o comércio e os serviços nessas regiões. O AfroReggae facilitará o acesso às favelas, enquanto o suporte tecnológico para a tarefa será do Google. Em nota, a empresa informou que o mapeamento será feito por meio do MapMaker, uma plataforma colaborativa em que se pode, por exemplo, adicionar novos lugares ou editar os já existentes.

“Estamos constantemente trabalhando para oferecer mapas cada vez mais precisos e atualizados aos nossos usuários”, diz o texto.

MORADORES APOIAM INICIATIVA

Atualmente, quando um internauta faz uma busca sobre a Rocinha, aparecem vias principais, como a Estrada da Gávea e as ruas Dois e do Canal. Outras estão marcadas no mapa, mas sem nome. No Complexo da Maré, com várias áreas oriundas de conjuntos habitacionais, muitas ruas aparecem demarcadas, grande parte delas, porém, sem nomenclatura. No Vidigal, estão lá vias como a Avenida Presidente João Goulart e as ruas Doutor Olinto de Magalhães e Major Toja Martinez Filho, acessíveis para carros. Mas dezenas de vias menores, como a Padre Ítalo Coelho ou a Doutor Sobral Pinto, importantes ligações na favela, não aparecem.

Morador do Vidigal, uma das comunidades beneficiadas, Rodrigo Alves lembra que alguns trabalhos anteriores já mapearam a comunidade. Esses mapas são entregues na associação de moradores (da qual ele faz parte) a pessoas que aparecem pedindo auxílio para se localizar. A busca de CEP dos Correios, diz ele, também costuma ser eficiente. Mas a possibilidade de qualquer um ter fácil acesso a todos os caminhos e serviços nas comunidades, num site conhecido por todos, é comemorada por Rodrigo.

— Com certeza será um trabalho que socializará mais a comunidade. Facilitará a vida de todos para achar um comércio, por exemplo. Tomara que se expanda também para outras áreas do Rio — diz ele.

MUDANÇAS NOS ÚLTIMOS ANOS

Oficialmente, de acordo com o último estudo de aglomerados subnormais do IBGE, o Rio tinha em 2010 um total de 763 favelas, onde viviam mais de 1,3 milhão de pessoas (ou cerca de 22% da população da cidade). Encontrar algumas delas nos mapas da internet, no entanto, é tarefa complicada.

Uma busca no Google Maps pelo Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, remete à Zona Sul da cidade, com a marcação de uma creche e de uma clínica da família próximas à comunidade. Não indica, porém, onde fica a favela. Na tentativa de achar a Nova Holanda, no Complexo da Maré, o site remete para o mapa da cidade do Rio. Ao digitar favela de Antares, em Santa Cruz, o internauta é direcionado à Avenida Antares, onde ficam os principais acessos à comunidade. E quando a busca é feita pelo Chapéu Mangueira, o mapa se aproxima do Leme, mas não especificamente da favela.

Até 2011, no entanto, era comum que bairros cariocas não aparecessem no mapa, ao passo que pequenas favelas tinham destaque. Na Zona Sul, por exemplo, o bairro do Humaitá não era apontado, dependendo do zoom na tela. Mas havia indicação da Favela Humaitá. O mesmo ocorria com o Cosme Velho, embora aparecesse a desconhecida comunidade Vila Imaculada Conceição. De lá para cá, o Google alterou o layout dos mapas, hierarquizando as informações, com mais destaque para os bairros e atrações turísticas.

Fonte: O Globo

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